segunda-feira, 28 de março de 2011

Prótese de silicone tem prazo de validade ?

Nenhuma prótese de mama dura para sempre. Embora os especialistas não estipulem um prazo determinado para a troca, toda mulher que colocou silicone nos seios --a cirurgia plástica mais realizada no Brasil-- inevitavelmente vai ter que voltar para a mesa de cirurgia algum dia.
A questão é fazer a troca enquanto é tempo e o prazo de validade da antiga ainda não venceu. Mas não é o que costuma acontecer. Muitas mulheres só procuram o médico quando surge algum problema.
"É um fato constatado na prática clínica e na minha experiência em consultório. Muitas pacientes só procuram o médico quando apresentam algum sintoma, como endurecimento do seio, dor ou assimetria das mamas", observa o cirurgião plástico Alexandre Mendonça Munhoz, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
"Isso acontece por vários motivos, como falta de informação ou mesmo negligência."
Nesses casos, na maioria das vezes, as próteses já estão rompidas. Além de trazer danos à saúde, isso torna a cirurgia de reparação mais difícil e os resultados mais limitados.
Quando a troca é feita no momento certo, a cirurgia é até mais simples do que a primeira colocação, com menos inchaço e dor", diz o cirurgião plástico André Colaneri, de São Paulo.
Foi o que aconteceu com a dona de casa Sandra Regina Ferlin, 54, que colocou o implante em 2003, após a descoberta de um câncer de mama.
Apenas seis anos depois, Sandra começou a sentir as mamas mais duras e rígidas. No consultório, descobriu que teve a chamada contratura da cápsula que envolve a prótese. Há três meses, fez a cirurgia de troca.
Estima-se que as próteses mais antigas, implantadas nos anos 80 ou 90, durem cerca de dez anos. Um estudo americano, feito na Universidade de Birmingham, com pacientes que tinham feito a cirurgia naquela época, constatou que mais da metade das próteses com 10,8 anos, em média, estavam rotas.
Para chegar ao resultado, os autores submeteram 344 mulheres sem nenhum sintoma ao exame de ressonância magnética. "Quanto maior o tempo de prótese, maior a probabilidade de ruptura", diz Munhoz.
As próteses mais antigas duravam menos porque eram mais lisas e o silicone, mais líquido. A cápsula que as envolvia também era mais fina.
"As próteses usadas atualmente têm uma textura na superfície, a camada que as envolve é mais grossa e o silicone é mais gelatinoso", explica José Tariki, presidente a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Por isso duram mais.
Os especialistas estimam que, atualmente, o desgaste da prótese deve acontecer entre entre 15 e 20 anos.
Com o passar do tempo pode haver microvazamentos. Isso pode levar a uma inflamação crônica nos tecidos vizinhos. "Essa infiltração pode até levar à perda de tecidos", alerta a cirurgiã plástica Luciana Pepino, de São Paulo.
1 - Qual o momento ideal para colocar uma prótese?
De modo geral, os especialistas recomendam uma idade mínima de 17 ou 18 anos, quando a mama já está bem desenvolvida. Além disso, mulheres que pretendem engravidar não devem fazer a cirurgia, pois o formato da mama pode mudar depois da amamentação. Em muitas mulheres, elas diminuem de tamanho, pois há uma espécie de atrofia da glândula mamária. Além disso, segundo a cirurgiã Luciana Pepino, a colocação da prótese não resolve a flacidez das mamas. Em alguns casos, para um resultado melhor, é preciso tirar a pele excedente.
2 - Como é a cirurgia?
Normalmente é feita com anestesia local e sedação --mas em alguns casos utiliza-se anestesia geral ou peridural. Dura entre uma hora e meia e duas horas, aproximadamente. A paciente pode ter alta no mesmo dia.
3 - Como é o pós-operatório?
A mulher sente mais dor nas primeiras 48 horas. Um dreno é colocado para evitar acúmulo de secreções e retirado em um ou dois dias. Em quatro ou cinco dias, é possível voltar ao trabalho, desde que ele não exija muito esforço físico. Os exercícios podem ser retomados após 60 dias.
4 - A cirurgia deixa cicatrizes?

As cicatrizes são inevitáveis, mas costumam ser pequenas e ficar escondidas. O corte para colocação da prótese pode ser feito sob a mama (no sulco entre o seio e o tórax), ao redor da aréola ou na axila. Normalmente, para uma prótese de 260 ml, a cicatriz costuma medir cerca de 4 cm.

7 - Quando aparecem os resultados definitivos?
Após a cirurgia há um inchaço que leva cerca de dois meses para desaparecer. O formato definitivo do seio só aparece em torno de seis meses após a cirurgia.
8 - A prótese impede a amamentação?
Não, pois ela é colocada sob o músculo ou entre o músculo e a glândula mamária. Segundo André Colaneri, isso não interfere no crescimento do seio durante a gravidez e na amamentação. Os ductos mamários, que conduzem o leite, não são cortados durante a cirurgia. Mas, após a amamentação, em algumas mulheres as mamas mudam de tamanho.
9 - Quais sinais podem indicar problemas?
A paciente deve procurar um médico quando observa perda de resultados estéticos, como assimetria das mamas, quando uma fica mais dura ou mais alta ou quando há sinais de nódulos ou caroços e dores.
10 - O silicone pode causar câncer ou outras doenças?
No início, especialistas especularam se as próteses poderiam aumentar o risco de tumores. No entanto, diversos estudos não confirmaram essa suspeita. Um deles, feito em 2000 pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, acompanhou mais de 13 mil mulheres e concluiu que a prótese não estava relacionada nem ao aumento do risco de tumores nem ao atraso no diagnóstico.
11 - A prótese impede o diagnóstico de câncer?
Não, mas se a paciente tiver casos de câncer de mama na família, o médico pode preferir colocar a prótese sob o músculo, para facilitar a visualização de um possível tumor.
12 - Quanto custa a cirurgia?
Entre R$ 8 mil e R$ 10 mil, aproximadamente.
13 - Qual a validade da prótese?
Os médicos não estipulam um prazo determinado para a troca da prótese. As mais antigas precisam de acompanhamento após dez anos, aproximadamente, para checar como está a situação do produto. As mais modernas devem durar mais --em torno de 15 ou 20 anos--, estimam os especialistas.
14 - Como deve ser o acompanhamento?
A mulher pode acompanhar a situação da prótese por meio de exames de rotina, como ultrassom e mamografia. Quando há dúvidas, o melhor exame é a ressonância magnética.
15 - Qual a diferença entre as próteses atuais e as mais antigas?
As mais antigas, usadas nas décadas de 80 e 90, eram mais lisas e tinham um revestimento mais fino. O silicone era mais líquido. As mais atuais são mais consistentes e o preenchimento lembra uma gelatina. Ainda assim, são bem maleáveis e macias ao toque.
16 - Qual o perigo do vazamento do silicone?
Ele pode provocar uma inflamação crônica nos tecidos vizinhos, o que pode até levar à perda de tecidos.
17 - O que é a retração ou contratura da cápsula?
Quando a prótese é colocada, o organismo desenvolve uma espécie de cápsula de cicatriz para isolar o que é considerado um corpo estranho. Trata-se de uma reação normal. Mas, em alguns casos, essa cápsula fica excessivamente dura, o que causa dor e pode alterar o formato da mama. Não se trata de rejeição e não se sabe exatamente por que algumas mulheres têm essa reação. Mas, quando isso acontece, é preciso fazer uma nova cirurgia para corrigir o problema e trocar a prótese. O médico pode decidir por colocar uma menor.
18 - O ácido hialurônico pode ser usado para substituir a prótese?
Embora essa substância comece a ser usada para preencher volumes maiores, ela não substitui a prótese. Isso porque, com o tempo, o ácido hialurônico é absorvido pelo organismo. Por isso o resultado dura cerca de dois anos. "O custo é muito alto e, portanto, é difícil conseguir volumes muito significativos", acrescenta a dermatologista Lígia Kogos, de São Paulo. No Brasil a técnica começou a ser usada há cerca de um ano e meio.
19 - Como é a operação para troca da prótese?
Quando feita no momento certo e a prótese ainda não se rompeu, costuma ser mais simples e mais rápida do que a primeira cirurgia. Isso porque o médico usa a própria cicatriz existente e não há necessidade de colocação de drenos, pois não muita eliminação de secreção.
20 - Há risco de rejeição à prótese?
Segundo os médicos, não. A rejeição envolve a formação de anticorpos, algo que não acontece com um material inerte como o silicone.

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